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Estudo do livro Nosso Lar - Capítulo 12 - O Umbral


O UMBRAL

Após receber tão valiosas elucidações, aguçava-se-me o desejo de intensificar a aquisição de conhecimentos relativos a diversos problemas que a palavra de Lísias sugeria. As referências a espíritos do Umbral mordiam-me a curiosidade. A ausência de preparação religiosa, no mundo, dá motivo a dolorosas perturbações. Que seria o Umbral? Conhecia, apenas, a ideia do inferno e do purgatório, através dos sermões ouvidos nas cerimônias católico-romanas a que assistira, obedecendo a preceitos protocolares. Desse Umbral, porém, nunca tivera notícias.
Ao primeiro encontro com o generoso visitador, minhas perguntas não se fizeram esperar. Lísias ouviu-me, atencioso, e replicou:
- Ora, ora, pois você andou detido por lá tanto tempo e não conhece a região?
Recordei os sofrimentos passados, experimentando arrepios de horror.
- O Umbral - continuou ele, solícito - começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos. Quando o espírito reencarna, promete cumprir o programa de serviços do Pai; entretanto, ao recapitular experiências no planeta, é muito difícil fazê-lo, para só procurar o que lhe satisfaça ao egoísmo. Assim é que mantidos são o mesmo ódio aos adversários e a mesma paixão pelos amigos. Mas, nem o ódio é justiça, nem a paixão é amor. Tudo o que excede, sem aproveitamento, prejudica a economia da vida. Pois bem: todas as multidões de desequilibrados permanecem nas regiões nevoentas, que se seguem aos fluidos carnais. O dever cumprido é uma porta que atravessamos no Infinito, rumo ao continente sagrado da união com o Senhor. É natural, portanto, que o homem esquivo à obrigação justa, tenha essa bênção indefinidamente adiada.
Notando-me a dificuldade para apreender todo o conteúdo do ensinamento, com vistas à minha quase total ignorância dos princípios espirituais, Lísias procurou tornar a lição mais clara:
- Imagine que cada um de nós, renascendo no planeta, somos portadores de um fato sujo, para lavar no tanque da vida humana. Essa roupa imunda é o corpo causal, tecido por nossas mãos, nas experiências anteriores. Compartilhando, de novo, as bênçãos da oportunidade terrestre, esquecemos, porém, o objetivo essencial, e, ao invés de nos purificarmos pelo esforço da lavagem, manchamo-nos ainda mais, contraindo novos laços e encarcerando-nos a nós mesmos em verdadeira escravidão. Ora, se ao voltarmos ao mundo procurávamos um meio de fugir à sujidade, pelo desacordo de nossa situação com o meio elevado, como regressar a esse mesmo ambiente luminoso, em piores condições? O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.
A imagem não podia ser mais clara, mais convincente.
Não havia como disfarçar minha justa admiração. Compreendendo o efeito benéfico que me traziam aqueles esclarecimentos, Lísias continuou:
- O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. E note você que a Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em torno do planeta. Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações. Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis de notável poder, pela concentração das tendências e desejos gerais. Muita gente da Terra não recorda que se desespera quando o carteiro não vem, quando o comboio não aparece? Pois o Umbral está repleto de desesperados. Por não encontrarem o Senhor à disposição dos seus caprichos, após a morte do corpo físico, e, sentindo que a coroa da vida eterna é a glória intransferível dos que trabalham com o Pai, essas criaturas se revelam e demoram em mesquinhas edificações. "Nosso Lar" tem uma sociedade espiritual, mas esses núcleos possuem infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e explorados.
Valendo-me da pausa, que se fizera espontânea, exclamei, impressionado:
- Como explicar? Então não há por lá defesa, organização?
Sorriu o interlocutor, esclarecendo:
- Organização é atributo dos espíritos organizados. Que quer você? A zona inferior a que nos referimos é qual a casa onde não há pão: todos gritam e ninguém tem razão. O viajante distraído perde o comboio, o agricultor que não semeou não pode colher. Uma certeza, porém, posso dar lhe: - não obstante as sombras e angústias do Umbral, nunca faltou lá a proteção divina. Cada espírito lá permanece o tempo que se faça necessário. Para isso, meu amigo, permitiu o Senhor se erigissem muitas colônias como esta, consagradas ao trabalho e ao socorro espiritual.
- Creio, então - observei -, que essa esfera se mistura quase com a esfera dos homens.
- Sim - confirmou o dedicado amigo -, e é nessa zona que se estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si. O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã poderoso. Há uma extensa humanidade invisível, que se segue à humanidade visível. As missões mais laboriosas do Ministério do Auxílio são constituídas por abnegados servidores, no Umbral, porque se a tarefa dos bombeiros nas grandes cidades terrenas é difícil, pelas labaredas e ondas de fumo que os defrontam, os missionários do Umbral encontram fluidos pesadíssimos emitidos, sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas, na prática do mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores. É necessário muita coragem e muita renúncia para ajudar a quem nada compreende do auxílio que se lhe oferece.
Interrompera-se Lísias. Sumamente impressionado, exclamei:
- Ah! como desejo trabalhar junto dessas legiões de infelizes, levando-lhes o pão espiritual do esclarecimento!
O enfermeiro amigo fixou-me bondosamente, e, depois de meditar em silêncio, por largos instantes, acentuou, ao despedir-se:
- Será que você se sente com o preparo indispensável a semelhante serviço?

Considerações 


O Autor, à medida que retomava consciência da vida espiritual, aguçava a sua curiosidade à cerca de algumas palavras utilizadas por Lísias e é então que vai indagar o amigo sobre essa região a qual designam "Umbral". Com bom humor e sabedoria, o companheiro responde de maneira brilhante e bastante didática a sua indagação. Em sua explicação fica evidenciado os seguintes aspectos:

O que é o umbral? "É zona (mental) obscura", "concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior";

- Onde fica? "Começa na crosta terrestre", "separados deles(homens encarnados) apenas por leis  vibratórias";

- Quem o habita? "quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos."

- Qual a finalidade, o por que? "funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduo mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena".

A palavra "umbral" literalmente designa cada uma das peças verticais, componentes dos vãos de portas ou janelas, que, encostadas nos lados do vão, dão sustentação às vergas ou às padieiras, que também são conhecidas por umbreira ou ombreira. Por derivação de sentido, entende-se como o local que dá passagem para o interior de um ambiente; entrada, limiar, portal.

No meio Espírita, ao que tudo indica, o termo foi ganhando significação própria ao longo do tempo, à medida que as informações sobre o mundo espiritual se assentavam na consciência dos seus adeptos. Encontramos registros do termo em obras como, Espíritos e Médiuns (1921), do autor Leon Denis e O Consolador (1941), do autor Espiritual Emmanuel :

"O valor do Espiritismo consiste, precisamente, em nos proporcionar essas bases experimentais, provando-nos a possibilidade de comunicação entre os vivos e as inteligências que viveram entre nós antes de transpor o umbral da vida invisível."           (Espíritos e Médiuns,1921)
"...porquanto somente com o seu concurso precioso pode o homem alijar o fardo de suas impressões nocivas do mundo, para penetrar tranquilamente os umbrais da vida do Infinito."  (O Consolador, 1941)

No entanto, é na obra "Nosso Lar" que a palavra surge na literatura Espírita como definição de uma região consciencial no plano espiritual. Porém, supomos, que o conhecimento dessa espécie de zona purgatorial já havia se difundido no conhecimento oral espírita antes mesmo da publicação desse livro, pois vamos encontrar na Revista Reformador de junho de 1944, a publicação de uma carta escrita por Francisco Valdomiro Lorenz, esperantista, grande conhecedor do Espiritismo e Ocultismo, naquele tempo, onde ele afirma "fiquei satisfeito por encontrar nela(em referência ao livro) várias confirmações de minhas idéias sobre a vida nas regiões astrais, próximas da terra material... Compreendi que nessas regiões, próximas do orbe terráqueo, há espécie de atmosfera nutriente, trabalhos de várias espécies, comunicações com a terra, com o umbral, com as regiões das trevas", deixando implícito a ciência de  tal conceito.


Muito tem-se discutido sobre essa região espiritual e isso é muito bom para o aprofundamento do conhecimento da vida espiritual. Viu-se uma sucessão de obras de outros autores sérios que também trataram sobre o assunto, com enfoques diferentes, ampliando ainda mais as fontes de referência e estudo.

Uma pesquisa mais profunda nos levou a uma obra interessantíssima, publicada em 1913, na Inglaterra, portanto, anterior a "Nosso Lar", que foi bastante conhecida no movimento espírita da primeira metade do século XX, trata-se do livro "A vida Além do Véu", de autoria do Reverendo George Vale Owen, traduzido por Carlos Imbassay, onde o autor recebe através da mediunidade , sucessivas mensagens de sua mãe desencarnada e de outros Espíritos, informando e esclarecendo de maneira completa e circunstanciada, as características da vida no plano espiritual. Obviamente, não se encontra na obra o termo "umbral", mas citamos abaixo referências ao que eles chamam de "zonas inferiores, vale e abismo", que de tão similares ao que nos é apresentado como "umbral" não nos deixam dúvidas que se trata da mesma região consciencial:

"As zonas inferiores são as próximas da superfície do planeta, e progridem em poder e glória à medida que a distância aumenta. Mas, o espaço deve ter seu significado  ampliado  quando se aplica  a  estas esferas, pois a  distância  não  tem o  sentido obstrutivo para nós, como tem para vocês."
"Mas quando se está no vale, a névoa é tão densa e espessa que é difícil ter visão ampla, sendo escasso o sol que pode penetrar em suas regiões."
"Por exemplo, é por este método que a ponte sobre o abismo* entre as esferas de  luz  e de  trevas é construída, e aquela  ponte não  é toda  de  uma  cor só. No  lado mais distante ela está imersa na escuridão e, conforme vai emergindo gradualmente, em direção  à região de luz, assume um matiz cada vez mais brilhante, e, onde ela está assentada nas alturas em que começam os planos mais luminosos, é o matiz de cor de rosa e raios de luz  que a envolvem como uma prata rara ou ainda o alabastro"
Na obra Xavieriana encontramos também referências a essas regiões espirituais no livro "Cartas de Uma Morta", publicado em 1935, da qual extraímos alguns trechos:

"A região imediatamente vizinha da Terra abriga muitos sofredores e muitos desesperados. Aí, freqüentemente, descemos para buscar irmãos nossos que suplicam e choram, implorando o socorro e o auxílio de Deus.
Nessa região há organizações perfeitas e inúmeras de muitos espíritos do mal, que, reunindo-se uns aos outros, formam congregações nefastas e terríveis."

As distintas referências e a forma como o conhecimento sobre essa região espiritual foi sendo alicerçado nas obras Espíritas constitui para todos uma garantia do cumprimento do controle universal do ensino dos Espíritos, que prevê a concordância entre as revelações que os Espíritos façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. Afirma-nos o codificador na introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo  que, "nessa universalidade do ensino dos Espíritos reside a força do Espiritismo", pois "daí resulta que, com relação a tudo o que seja fora do âmbito do ensino exclusivamente moral, as revelações que cada um possa receber terão caráter individual, sem cunho de autenticidade; que devem ser consideradas opiniões pessoais de tal ou qual Espírito e que imprudente fora aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas". Ele ainda complementa que "com extrema sabedoria procedem os Espíritos superiores em suas revelações. Não atacam as grandes questões da Doutrina senão gradualmente, à medida que a inteligência se mostra apta a compreender verdade de ordem mais elevada e quando as circunstâncias se revelam propícias à emissão de uma ideia nova".


Em referência a obra Kardequiana, vamos encontrar no Livro dos Espíritos, da questão 223 a 236 informações relevantes para o estudo do capítulo. Não transcreveremos as questões para não tornar o estudo demasiadamente extenso, mas aconselhamos aos amigos a fazerem a leitura. Abaixo escrevemos apenas algo que nos chamou muito a atenção. O codificador, em nota a questão 236 faz o seguinte comentário:
"Ninguém contestará que, nesta ideia da existência de mundos ainda impróprios para a vida material e, não obstante, já povoados de seres vivos apropriados a tal meio, há qualquer coisa de grande e sublime, em que talvez se encontre a solução de mais de um problema."
Ele vislumbra uma solução para no mínimo a mais de um problema. Entreve "qualquer coisa de grande e sublime" , assim como na conhecida "Teoria do Iceberg", no entanto, deixa intrínseco, que esse conhecimento submergirá gradativamente, à medida da compreensão humana. Talvez, uma das questões que esta solução responda esteja relacionada à constituição e características da vida espiritual. Kardec não encerra a discussão, mas deixa para posteridade o aprofundamento do estudo, isso é uma demonstração clara do caráter progressista da doutrina. 

Após essas digressões voltemos a falar diretamente do capítulo, quando Lísias explica a André Luiz que "O dever cumprido é uma porta que atravessamos no Infinito, rumo ao continente sagrado da união com o Senhor. É natural, portanto, que o homem esquivo à obrigação justa, tenha esta benção indefinidamente adiada."

O dever cumprido é a consciência segura que nos pacifica a alma e afasta o sentimento de culpa, ansiedade e insegurança, que assolam a humanidade. Esquecidos do dever, fugimos aos compromissos e agravamos a nossa condição. Ao retornarmos à vida Espiritual, as vezes, estamos mais sujos do que quando partimos e por isso adiamos indefinidamente a nossa passagem definitiva. Desencarnamos, continuamos perturbados, ainda ligados às paixões e compromissos que não fomos capazes de vencer durante a encarnação. Por isso, asseveramos com base nas palavras de Lísias, precisamos nos purificar "pelo esforço da lavagem",  trabalhar firmes no propósito do melhoramento, a fim de que possamos voltar as paragens "sagradas da união com o Senhor". 

Lísias afirma que essa região "é de profundo interesse para quem esteja na Terra", pois é ainda no plano físico que alimentamos e nos conectamos através dos pensamentos, palavras e ações àqueles que se encontram no umbral, que aliás, vivem agrupados, pela concentração das tendências e desejos. Daí lembramos Paulo, na Carta aos Hebreus, capítulo 12, versos 1 e 2:

"Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo o fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o iniciador e consumador da fé, Jesus, que em vez da alegria que lhe foi proposta, sofreu a cruz, desprezando a vergonha, e se assentou à direita do trono de Deus."
Por último queremos apenas dar destaque, sem fazer comentários, pois consideramos muito clara a notificação de Lísias ao afirma que "é nessa zona que se estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si. O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um."

Muita paz!!!


Estude e Viva!!!






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